O livro é resultado de aproximadamente dez anos de pesquisa antropológica sobre a recepção e a audiência de televisão no Brasil. Por meio de uma etnografia de audiência numa cidade do interior do Rio Grande do Sul, a autora identifica um discurso crítico, quase consensual, entre as pessoas pesquisadas em torno da televisão. Para esclarecer essa situação, a autora vai além dos discursos, ela leva seu leitor para dentro da vida das camadas médias brasileiras - suas práticas de lazer, suas relações de gênero, suas atitudes políticas, sua visão sobre identidade nacional. A leitura desses detalhes etnográficos, redigidos numa linguagem acessível, provoca um efeito sutil, obrigando o leitor a repensar os próprios cânones da crítica cultural. As reflexões desta obra atualizam o debate sobre temas tão centrais, que, muitas vezes, são deixados em segundo plano nas Ciências Sociais brasileiras contemporâneas: o lugar dos meios de comunicação e dos discursos sobre eles, a necessidade de refletir sobre a formação do pensamento intelectual brasileiro, a culpabilização das classes populares pelas tragédias nacionais e a conseqüente absolvição das elites.