Privilegiando a problemática da imaginação, a autora nos reporta ao advento da singular epistemologia de Bachelard, que irrompe no século XX inspirada por um novo e desconcertante paradigma científico. Tematiza, assim, a ciência que instaura cesuras com a percepção criando fenômenos inéditos que ultrapassam o real, e nos defronta com categorias tipicamente bachelardianas: objetivação, ruptura, racionalismo aplicado, obstáculo epistemológico, vigilância, recorrência. Nessa senda, evidencia que pensar a ciência como constructo e como contínua retificação de conceitos - tal como Bachelard o fez - envolve outra noção de racionalidade. Faz-se mister uma razão inquieta e agressiva, liberta dos princípios clássicos, que deve ser insuflada pela força da imaginação.