Esse não é um jogo de palavras vazio: na relação entre uso da linguagem e a representação a que tal linguagem alude e tece, não há descuido, não há sobras nem mínguas. Venturelli erige com as tramas do discurso literário um edifício poderoso, lima as palavras, prima por uma escolha vocabular recriadora do mundo. Não falo, porém, de um edifício de desenho lógico, mas daqueles de Escher, cujos planos, espaços, tempos, acontecimentos, pontos de vista se fundem e fazem o leitor esfregar os olhos para, depois da neblina inicial, distinguir realidades abertas, outras.