Por que um livro sobre o matrimônio na Florença do Quattrocento? Que interesse desperta ao conhecimento histórico a análise das práticas e costumes matrimoniais do passado? O matrimônio envolve relações de gênero, de grupo e de parentesco, normas, costumes e rituais simbólicos e opera como uma ocasião para o gasto e o consumo (roupas, móveis, presentes, comida) – assuntos importantes para o conhecimento dos valores de uma sociedade –, analisar o modo como ele era pensado e celebrado em diferentes contextos do passado torna-se uma forma de apreciar não somente a diversidade, mas as mudanças e permanências de uma prática comum à maioria das culturas na história. O matrimônio não significa apenas uma união legítima entre duas pessoas, ele toca em assuntos que dizem respeito a temas culturais, sociais, políticos, econômicos e religiosos, mostrando-se, assim, um tema relevante à pesquisa dos historiadores. No caso particular da Florença do Quattrocento, as ricas famílias viam no matrimônio dos filhos uma forma de afiançar as relações de poder na cidade, expandindo a influência social, política e econômica ao ligar o próprio nome ao de outra família de igual hierarquia. Por esse motivo, os casamentos eram estrategicamente planejados para servir aos propósitos do grupo familiar.