O homem traz em si – como em metáfora parece ocorrer nas diferenciações dos hemisférios cerebrais – a predisposição de buscar sentido na vida, sentido que supere e oriente seu ser no mundo. Embora a predisposição arquetípica seja universal para a religiosidade, a sua concretude, contudo, é determinada pela História e pelo contexto social em que se realiza, e daí as diferenças de superfície encontradas nas diversas vertentes religiosas. Uma análise mais profunda, contudo, mostra que subjaz em todas elas uma fonte ou origem comum: a vivência de um aspecto da realidade não redutível às forças materiais, o aspecto de uma espiritualidade, que será traduzida nas roupagens e ideias de cada cultura de modo bem próprio, podendo mesmo ter o potencial de levar não à luz, mas ao conflito e à guerra, sem que isto, no entanto, elimine o potencial contrário e razão de ser desta predisposição arquetípica. É a esta riqueza de diferenças que encobrem frequentemente uma base em comum que é a razão de ser deste livro, tão bem pesquisado pelos autores, e o suficiente motivo – mais atual do que nunca – do estudo das Religiões. Que possamos, pois, receber com alegria esta contribuição escrita, instrumento útil que é para melhor entendimento do ser humano. “O sentido se obscurece, quando fixamos o olhar apenas em pequenos seguimentos da existência” (Chuang Tse)