À medida que aborda os temas que lhe convocam, Thiago vai nos levando, aparentemente doce e sempre muito profundo, digo aparentemente, porque sendo poeta, não poderia ser uma coisa só eternamente. Fui lendo devagar e atenta, me sentindo sob um certo controle, até que Engenharia inversa me engoliu com sua beleza e fina precisão. A metalinguagem amorosa, que fala do poema como um prédio, que se edifica de cima para baixo, me aprisionou naquela página por um bom tempo. Ler é reler. Quando o que se tem diante de si é um poema, reler é olhar pra dentro e atingir um céu tão particular quanto irremediavelmente coletivo, porque humano. Erigir noutro contexto, como infinitamente melhor diz nosso escritor.[] Palavra é onda: não as houvesse, e o mundo estaria alijado de também ser mar?, provoca Thiago, enquanto mergulha, de mãos dadas conosco, nessas marés de procurar o objeto-palavra nas coisas do mundo.