No despertar do século XXI, muito se tem discutido a respeito da longevidade do poderio norte-americano e sobre a capacidade de o país de manter a estabilidade do sistema internacional. Ao terem emergido como uma superpotência global sem precedentes, os Estados Unidos da América tornaram-se um tema indispensável para o entendimento das Relações Internacionais. Não é à toa que tanto se tem debruçado, nas últimas décadas, sobre o desafio de desvendar a chamada Pax Americana, em geral, e sobre a tarefa de compreender as origens domésticas de suas escolhas internacionais, em particular. Visando aprofundar a questão, este livro tem como enfoque a discussão do chamado excepcionalismo americano, e a política externa dos EUA no período embrionário de sua liderança particularmente no momento que compreende a consolidação da potência, entre 1917 e 1947. Investiga-se de que modo componentes ideacionais manifestaram-se na formulação e implementação das grandes estratégias do país desde a sua entrada na Primeira Guerra Mundial até o estabelecimento da Doutrina da Contenção, e defende-se a ideia de que as ações dos EUA encontraram-se sujeitas, no período analisado, a um processo subjetivo de interpretação da realidade que esteve atrelada, sobretudo, à forma como os próprios norte-americanos percebem a si mesmos e ao modo como visualizam o seu papel no mundo em cada momento. Assim, embora a crença tenha se materializado de diferentes maneiras provida de caráter missionário ou exemplar, por exemplo, ela representaria um traço de continuidade, uma ideia-força, da política externa do país durante todo o período estudado.