Só parecença crer que é igual o giro cotidiano do relógio. A cada deslocar do ponteiro, quanta coisa pode surpreender em Belo Horizonte ou Atlântida ou qualquer outro lugar em que o leitor se encontre ou penetre linhas. Seja num tempo mitológico ou nas ruas de uma cidade grande inundada por água que é também vírus, por arranha-céus e desigualdades. Ingredientes dos contos desta obra de João Valadares em que a cidade que submerge no mito de Platão ou no flagelo de uma pandemia tem referências para quem trafega memórias na capital de Minas Gerais. Essas alusões, no entanto, viram ocasionalmente cenário de um enredo para quem não conhece exatamente este tópos, mas outros lugares tão semelhantes de nossa urbanidade. João, que é também ator, diretor-teatral, professor e poeta, nos apresenta aqui a sua prosa ficcional. As narrativas têm protagonistas de sortidas castas, da intelectualidade a um sacerdote de coreto, uma anja e um MC do morro. Aqui, acolá, personagens reaparecem, fios (...)