Em seu trabalho, Gabriel tomou como objeto de estudo um tema praticamente inédito em nossa literatura histórica a chamada Frente Progressista (FP), uma das muitas articulações políticas que tiveram curso nos tempos quentes do pré-1964. No caso da FP, a proposta girava em torno da criação de uma ampla rede de apoio político ao governo João Goulart que deveria atingir um duplo objetivo: neutralizar as ameaças golpistas, assim como favorecer a implementação de um programa de reformas político-sociais a ser conduzido no âmbito do quadro político-legal. À frente dessa articulação, esteve San Tiago Dantas personagem central do enredo político analisado por Gabriel. Como se sabe, essa articulação foi levada de roldão pelos acontecimentos que resultaram no rompimento do Estado de Direito e na implantação de um regime de exceção de extração militar com forte respaldo das elites civis. No estudo de Gabriel, há importantes questões historiográficas que devem ser mencionadas, para além do ineditismo de sua pesquisa relativa à Frente Progressista. Comecemos por San Tiago Dantas, que aparece, através da análise das diversas facetas de sua trajetória, como um ator político de forte expressão e prestígio na década que antecede ao golpe civil-militar de 1964 e como um dos mais importantes ideólogos do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). O trabalho também inova quando coloca luz nas concepções político-doutrinárias de Dantas relativas ao trabalhismo e ao PTB. Em seus escritos e discursos, Dantas aparece como um teórico original na família política trabalhista. Propõe o que Gabriel define como trabalhismo democrático, isto é, um projeto político-doutrinário para o partido e o para o campo trabalhista em que não poderia haver qualquer dissociação entre reformismo político-social e democracia