A primeira vez que vi Marilene foi um vulto surgindo do fundo escuro do palco do CEP 20.000 no Teatro Sérgio Porto em 2012. Eu estava pelos cantos da plateia, em pé, quando vi uma espécie de vulcão: uma mulher descalça, de jeans e camiseta, vociferando, cheia de modulações na voz, imagens fortes, palavras precisas, não agressiva, mas vulcânica: de vez em quando uma quebra, uma suavidade e, então, vinha lava, um pouco de calmaria e mais lava, sem gritos, mas com intensidade incendiária, de lava. Depois soube que era professora. Quem escolhe essa profissão só pode ter um coração imenso, que articula libido de aprendizagem com desejo de compartilhar. Costuma ser da prática docente também uma volúpia de acolher o outro e sua diferença. Não é por acaso que a temática aqui é rica de paisagens e abrange percepções intensas de perspectivas minoritárias. Quem vive e convive lidando com grupos diversos sabe o valor da diversidade numa floresta: [...]