Estudantes de sociologia, quando apresentados aos seus “pais fundadores”, Marx, Durkheim e Weber, formam algumas certezas, muitas delas equivocadas. Este livro de Manoela Hoffmann Oliveira vem desfazer de forma brilhante um destes equívocos: corrige a ideia de que Marx não trabalhou na sua construção teórica a categoria de indivíduo. Para realizar este estudo, a autora fez uma leitura rigorosa de vários escritos de Marx, uma vez que a categoria indivíduo na sua ampla significância não está exposta em um único texto ou período da sua produção, mas está disseminada ao longo de toda sua obra, evidenciando-se como um dos elementos fundamentais de sua teoria, a começar porque o indivíduo é central para a perspectiva marxiana do comunismo e da emancipação humana, já que ela implica no livre desenvolvimento da individualidade. Por meio da análise da atividade humana (trabalho) e de categorias como objetividade, naturalidade, generidade, consciência, sensibilidade, subjetividade e historicidade, a autora demonstra como o indivíduo é articulado no pensamento de Marx, explicitando ao mesmo tempo as categorias determinantes para a constituição da individualidade, esta que existe não somente enquanto polo do ser social, mas configura justamente a sua forma mais elevada.