Este livro é fruto de uma experiência de sete anos. Com um projeto inicial de montar e dirigir um jornal dentro do sistema carcerário feminino, Antonio Carlos Prado entrou pela primeira vez numa penitenciária em 1995. Não demorou muito para perceber que tudo lá dentro ganhava uma outra dimensão que não aquela das noções preconcebidas com que se pisa uma penitenciária no início de um trabalho voluntário. A situação do sistema como um todo, quando adensado pelo tempo de vivência, ganha proporções que não podem, de maneira alguma, ser aprendidas à primeira vista. Foi assim que sua atuação como voluntário cresceu - o jornal não vingou, mas trouxe a dimensão do abismo em que vivem as mulheres. Impossível conviver com seus problemas dentro dos presídios sem que se remeta às suas vidas fora de lá, às suas histórias pessoais e familiares, ao seu envolvimento com o crime, à forma como lidam com a economia dentro dos presídios e às suas sexualidades.