Ao afirmar que o inconsciente determina os processos psíquicos, Freud instaura uma ruptura definitiva, revolucionando e transformando o modo de pensar do mundo ocidental. Mas Freud sobretudo foi um outro de si mesmo, revisando suas hipóteses quando a clínica exigia e não se limitando às conclusões que ele próprio elaborou, sempre em busca de uma nova forma de pensar. Esta arqueologia freudiana do inconsciente apresenta alguns dos processos que, no período de 1891 a 1900, levaram Freud a construir sua metapsicologia, uma via para os saberes do inconsciente. Nesse caminho, foram surgindo lacunas de uma ciência que só consegue ter acesso ao seu próprio objeto de forma encoberta. As cartas trocadas entre Freud e Wilhelm Fliess servirão como documentos fundamentais na construção desses buracos, preenchendo os espaços em branco que aparecem no momento que se investigam as condições de formulação de alguns pressupostos teóricos. [...]