A trajetória poética de um dos nomes mais fascinantes da década de 1970. Toda vida reúne a obra de Angela Melim, poeta que se tornou uma das vozes mais instigantes da efervescente cena contracultural brasileira. Seu livro de estreia -- O vidro o nome, de 1974 -- impressionou pela dicção singular: os versos observam atentamente a vida lá fora ao mesmo tempo que perscrutam os movimentos internos, como se os arredores se fundissem ao sujeito, sem fazer distinção entre indivíduo e paisagem. Marcada pela sensualidade e pela curiosidade, a escrita de Melim é atenta às frutas na cozinha, às conversas entreouvidas nas ruas, aos letreiros luminosos e, sobretudo, às histórias íntimas das pessoas -- ora ácidas, ora trágicas, mas nunca banais, frias ou tediosas. As imagens surgem com alta voltagem poética, sem medo da entrega, da confissão ao pé do ouvido e do erotismo: "Missão, míssil em voo reto -- ouso/ partir ao meio o ar./ A guerra começou tem tempo/ o coração/ combate alucinado/ (...)