Eliezer Levin é autor de livros de contos, crônicas e romances. O seu primeiro romance. Bom Retiro, publicado em 1972, constituiu-se por assim dizer, em sua temática regionalista, um marco solitário no panorama de nossa literatura: um livro sobre o bairro judaico de São Paulo. Até então nenhum romance se ocupara especificamente do assunto. Conforme crítica da época, o autor estreava em plano alto, o nível de realização literária que sugeria maturidade. Dono de estilo simples, claro, fluente, havia escrito um livro envolvente, de evocativa beleza, digno dos escritores de raça. E agora, o que nos apresenta neste seu novo romance que tem o título curioso de Adeus, Iossl? Pelo Iossl já dá para perceber a sua vertente judaica, mas não vamos nos adiantar muito. Apenas para sentir o clima fiquemos aqui com as primeiras linhas de seu intróito: Aquela manhã, ele acordara mais cedo. Todo o pessoal de casa ainda dormia. A primeira coisa em que pousou os olhos foi na grande e bojuda mala. Laboriosamente o filho e a nora o haviam ajudado a arrumá-la; depois de fechada, na última noite, a deixaram no canto do quarto, ao lado da porta. Nela, é verdade, não coube tudo, nem poderia caber... Ainda estendido na cama, sem coragem de desprender-se dos lençóis que lhe conservavam o calor do corpo, não pôde deixar de refletir (pela centésima vez) no chamado Lar dos Velhos, esta casa para onde iria transferir-se dentro de poucas horas.