A obra de Lia, divida em quatro partes, constrói por seus segmentos uma jornada de palavras, desbravando em cada signo escrito os dilemas do amor, recapturando memórias, partindo para isto, do passado, resgatando os rastros da infância, seguindo em direção a maturidade. Na primeira parte da obra, a temática do amor erótico marca-se com versos fortes, que ressoam em palavras chaves, “que a mão alcance a fruta madura / e a ternura das carnes que abrasam”. Em alguns poemas, a busca pela felicidade, a jornada da vida com seus altos e baixos, são descritos não somente em seus desafios diários, mas são também impregnados de sensualidade pela escolha de palavras lascivas, como a indicar que o próprio processo do viver traz em si camadas de erótico, “e verão roçando os corpos. Metendo a língua / nos espaços loucos dessa insensatez, / na minha timidez. Nos lírios que ainda cultivo”.