Marcelo Pires escreve poesia há muito tempo. Desde seus primeiros haicais, poemas gráficos, poemas curtos, poemas de palavras no centro de tudo. O tempo foi passando, e seus poemas guardados, aguardando. Pode-se fazer uma releitura dos estilos contemporâneos só com seus poemas de gaveta. O que prova que um autor pode ser um bom autor mesmo sem publicar. É o que se vê nesse seu primeiro livro arrancado a fórceps da gaveta. Marcelo está contemporâneo como nunca. Seus poemas longos, sua dicção, sua visão de mundo vêm trazer ângulos novos e arejados para a produção poética de todos. Harmoniza sensibilidade e pensamento, ritmo e imagem, dizer e sugerir, comunicar e encantar. É poesia que não deixa nada devendo. Ninguém que entra em contato com ela sai de mãos abanando. Sempre se leva algo do que se leu: uma palavra, uma idéia, uma confissão, uma virada de câmera como um bom cineasta. São poemas para ler, ouvir, ver, sentir e pensar. Textos de quem é rigoroso com a escrita. Tanto que deixou ainda muitos poemas de fora, guardados quem sabe para nunca verem a luz do dia de um livro. Marcelo sempre ganhou a vida escrevendo. Agora, é a vida quem vai ganhar com a sua escrita.