A arte e, em última análise, a cultura não seria mais a mesma após as primeiras décadas do século XX. E esta revolução ocorreu num lugar específico: Paris. Neste caldeirão, que agregava uma estabelecida e conservadora burguesia a uma atmosfera de liberalidade (religiosa, sexual, de costumes etc.) jamais vista noutro lugar do mundo, artistas e marginais de várias nacionalidades, ofícios, gêneros, estilos e personalidades encontraram abrigo e oxigênio para trabalhar e viver. Uns, pintores. Outros, escultores. Outros ainda, escritores e poetas. Entre eles, algumas figuras inclassificáveis, cuja obra desafia a categorização. Todos imbuídos de uma paixão renovadora, de uma sede por uma nova estética e pouco ou nenhum dinheiro. Ao que eles inventaram costuma-se dar o nome de arte moderna. Aqui vemos Picasso, simpatizante anarquista e um dos que primeiro ganhou dinheiro com sua arte; Alfred Jarry, autor de Ubu rei e amante de armas de fogo; o poeta Guillaume Apollinaire; Modigliani e suas mulheres (nas telas como na vida); Max Jacob e seus homens; Man Ray, Braque, Matisse, André Breton; mais tarde, os americanos Hemingway e Fitzgerald, além de vários outros nomes (hoje) menos conhecidos. Neste relato tão sui generis quanto delicioso, Dan Franck, premiado escritor e roteirista francês, se debruça sobre a vida desses e outros personagens da efervescente Paris de 1900 a 1930, mostrando como suas vidas se relacionavam e de que forma o trabalho individual de cada um deles somou-se ao dos outros nessa crucial revolução estética.