Professor e pesquisador de literatura argentina e latino-americana, atualmente na New York University, o argentino Gabriel Giorgi pensa os limites entre bios e cultura através do conceito de biopolítica em Formas comuns animalidade, literatura, biopolítica, lançamento da Rocco para a coleção EntreCríticas. Na literatura de Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Julio Cortázar, por exemplo, Giorgio analisa o animal figurado e o território para pensar a vida eliminável ou sacrificável na sociedade contemporânea mediante demarcações políticas que atravessam racionalidades de classe, raça, sociais e de gênero. Animalidade e raça traçaram o perímetro maldito de uma imaginação moderna que se definiu e se legitimou em sua missão civilizatória, e que fez a reinvenção social, racial e cultural de corpos e de populações a matéria de seus sonhos políticos e a racionalidade de suas violências. Giorgi vê nas tradições culturais da América Latina, mais precisamente em uma série de materiais estéticos produzidos a partir dos anos 1960, inscrições entre o animal e o humano e uma nova distribuição de corpos e imaginação. Para o autor, a mudança de lugar da figuração animal na cultura é uma das mais interessantes e significativas transformações contemporâneas e traduz, por um horizonte político, demarcações de corpos na tessitura social. Esse animal que havia funcionado como o signo de uma alteridade heterogênea, a marca de um fora inassimilável para a ordem social e sobre o qual se haviam projetado hierarquias e exclusões raciais, de classe, sexuais, de gênero, culturais , esse animal se torna interior, próximo, contíguo, a instância de uma proximidade para a qual não há ‘lugar’ preciso e que desloca mecanismos ordenadores de corpos e sentidos.Organizada pela escritora Paloma Vidal, a coleção Entrecríticas reúne ensaios de autores latino-americanos que buscam pensar a literatura em suas conexões com outras práticas artísticas e críticas. Em Formas comuns, novo livro da coleção, o argentino Gabriel Giorgi, professor na Universidade de Nova York, analisa a figuração animal na cultura através da biopolítica, o campo conceitual no qual os limites entre "bios" - o natural, o biológico e o genético - e cultura se redefinem, a partir da literatura produzida na América Latina desde os anos 1960, de Guimarães Rosa a Manuel Puig, de Clarice Lispector a Julio Cortázar, entre outros. Tomando o lugar do animal na ficção como paradigma, o autor conduz uma reflexão aprofundada sobre as demarcações políticas (leia-se, raciais, sociais e de gênero) que envolvem a questão das "vidas por proteger e vidas por abandonar".Organizada pela escritora Paloma Vidal, a coleção Entrecríticas reúne ensaios de autores latino-americanos que buscam pensar a literatura em suas conexões com outras práticas artísticas e críticas. Em Formas comuns, novo livro da coleção, o argentino Gabriel Giorgi, professor na Universidade de Nova York, analisa a figuração animal na cultura através da biopolítica, o campo conceitual no qual os limites entre "bios" - o natural, o biológico e o genético - e cultura se redefinem, a partir da literatura produzida na América Latina desde os anos 1960, de Guimarães Rosa a Manuel Puig, de Clarice Lispector a Julio Cortázar, entre outros. Tomando o lugar do animal na ficção como paradigma, o autor conduz uma reflexão aprofundada sobre as demarcações políticas (leia-se, raciais, sociais e de gênero) que envolvem a questão das "vidas por proteger e vidas por abandonar".