A segunda edição do Prêmio Clarival do Prado Valladares, criado pela Organização Odebrecht em 2003, patrocinará o projeto A Talha Neoclássica na Bahia. Luiz Alberto Freire é o autor da pesquisa que pretende trazer a público um importante capítulo da história da arte baiana: o movimento de reforma artística que substituiu o Barroco, ocorrido durante quase todo o século 19. As igrejas do século XVIII apresentavam excesso de ornamentação, eram sustentadas por colunas torcidas e salomônicas, que representavam o infinito, e tinham uma forte carga simbólica, expressa em cachos de uvas, mascarões, aves e grotescos tudo para envolver os fiéis emocionalmente. A Talha Neoclássica, influenciada pelo Iluminismo, pelo predomínio da razão em detrimento da emoção, e pelo antropocentrismo, praticados na Europa nos anos 1800, deixou de lado os exageros, levando aos templos uma arte e arquitetura sóbria, tranqüila e racionalista. Os artistas aderiram à tradição antiga greco-romana: as colunas passaram a ser clássicas, caneladas; as referências simbólicas começaram a representar virtudes como a fé, a esperança, a caridade e a fortaleza; e a policromia e o uso excessivo do dourado foram substituídos pelo equilíbrio do brilho sobre fundos brancos. O catolicismo denunciava, assim, a sua nova mentalidade: em vez de distrair os devotos com tamanha carga simbólica, seu objetivo era chamar a atenção para a mensagem elementar do cristianismo e, por isso, os templos precisavam ser claros e arejados, para proporcionar aos fiéis um estado de concentração e serenidade, explica o autor, Luiz Freire, Professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBa) e Doutor em História da Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.