O ano de 1980 foi marcante na biografia de Mario Quintana - o poeta publicou 'Esconderijos do tempo' e recebeu o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra literária. O livro reúne os textos que escreveu com mais de 70 anos. É uma obra de maturidade, mas, ao mesmo tempo, uma clara demonstração da juventude, do frescor que Quintana conseguiu preservar em seus livros ao longo de toda a sua trajetória. A presente reedição de 'Esconderijos do tempo' vem precedida do estudo 'Anotações do esconderijo', de José Eduardo Degrazia, que analisa o livro de Quintana a partir de uma chave de leitura para o conjunto da obra, detectando em seu desenvolvimento, e nesse livro em particular, a ampliação e complexificação do repertório do poeta. O livro é constituído de 50 poemas geralmente breves e de versos livres ou em prosa, havendo apenas um soneto. Quintana praticamente utiliza todos os metros, das redondilhas menores e maiores aos versos longuíssimos. Explora, inclusive, seqüências de versos de uma única sílaba. Há canções e danças, aparentando o poema à música, além da forte coloquialidade em muitos poemas, chegando-se mesmo à utilização de formas tipicamente orais da fala. Diferindo um pouco de seus livros anteriores, não são muitas as pequenas cenas do cotidiano e da natureza que tanto o singularizam. A edição vem ainda enriquecida com uma 'Bibliografia do autor' (incluindo obra publicada no Brasil e no exterior, participações em antologias nacionais e estrangeiras, obras de Quintana traduzidas e obras traduzidas por Quintana), uma 'Bibliografia selecionada sobre o autor', e uma 'Cronologia' de sua vida e obra.