Século XVIII. A ópera é a arte do encantamento e conquista a todos com sua grandiosidade. Nápoles e Roma são capitais da novidade, mas nenhuma cidade consegue superar Veneza em pompa, com seus palácios e máscaras de carnaval. É neste cenário que Anne Rice ambienta Chore para o céu, a história de dois castrati: Tonio e Guido, seu mestre. O público que se acostumou às tramas de Rice, tendo como pano de fundo uma sinistra Nova Orleans, não se surpreenderá com este livro, que mostra uma fase anterior da rainha do gótico moderno. Agora o leitor se vê envolvido por uma estética mais rococó. Em lugar de deletéria sensualidade, há o erotismo mais explícito, próximo de sua primeira fase literária, quando, sob pseudônimo de A.N. Roquelaure, assinou uma trilogia cult de sadomasoquismo. Contando a trajetória de Guido Maffeo, de sua castração, aos seis anos, até seu apogeu como estrela do canto lírico, "Chore para o céu" enfrenta a dualidade da condição dos castrati corpo de homem e voz feminina.