Ao restabelecer o exame do desempenho da sinceridade no gênero autobiográfico, análise inicialmente proposta pelo filósofo e crítico literário alemão Walter Benjamin, Sobre o Declínio da "Sinceridade", de Carla Milani Damião, expõe as conseqüências filosófico-literárias referentes à desarticulação dos pólos subjetivo e objetivo a partir do século XIX, com o avanço da modernidade tecnicista. Fincado entre o estudo da literatura e da filosofia, o livro traça o roteiro seguido pela narrativa confessional em algumas das mais notáveis obras do que se designa autobiografia moderna, gênero que teve, como marco primeiro, As Confissões (1764-1770), do pensador iluminista franco-suíço Jean-Jacques Rousseau. Além de Rousseau e o próprio Benjamin, há a interpretação do conteúdo autobiográfico em textos de André Gide, Friedrich Nietzsche e Marcel Proust, em capítulos separados por fotografias da Paris do início do século XX, de Eugène Atget.