Do maravilhamento utópico dos engenheiros e arquitetos do século XIX com o progresso e a racionalidade técnica, da crença no homem que vence distâncias, organiza a cidade e eleva monumentos difundidos internacionalmente, o que sobra hoje? Este é o ponto de partida dos ensaios de Antoine Picon, Bernard Lepetit, Donatella Calabi e Heliana Salgueiro, que renovam o enfoque dos estudos urbanos, desenvolvendo comparações entre a organização do território francês e a gênese da metamorfose haussmanniana e, de outro lado, as formas de transferência desse modelo a outros países, que evidenciam as diferenças em jogo. O cosmopolitismo à moda de Haussmann seria um equívoco, uma vez que o modelo não resiste fora de Paris. Mais uma razão para estudá-lo hoje, sob novas luzes, já que nenhuma cidade escapa da própria história.