"O livro A criança-problema na escola brasileira investiga as seguintes questões: como se chegou a identificar certos alunos como sendo crianças-problema? De que modos se procurou desvendar as causas dos problemas de aprendizado ou de comportamento na escola e que medidas foram recomendadas para o seu enfrentamento? A partir da análise dos discursos educacionais e da legislação sobre a infância, Ana Laura Godinho Lima demonstra que o surgimento da expressão criança-problema nos discursos pedagógicos teve consequências importantes para o modo como os educadores passaram a enxergar os alunos que não aprendem ou não se comportam conforme o esperado. A criança-problema serviu para tornar permeável a fronteira entre a normalidade e a anormalidade. Por um lado, deixou-se de considerar que todas as crianças difíceis eram anormais ou deficientes. Passou-se a acreditar na possibilidade de prevenir e mesmo reverter uma série de dificuldades, recorrendo-se, para isso, a medidas (...)