A correspondência entre Alceu Amoroso Lima e Mário de Andrade começou em 1925 e durou até dezembro de 1944, dois meses antes da morte de Mário. Uma troca epistolar apaixonada pelo debate, marcada pela divergência de ideias aliada a um profundo respeito por ambos os correspondentes. São cartas pensadas e densas, verdadeiros laboratórios de criação, de pensamento e estilística, cujo principal assunto é a problemática de natureza religiosa e existencial – o “problema de Deus” e o “problema da Igreja” -, mas também a crítica literária, as amizades, a vida literária em nosso modernismo, os lançamentos e as desavenças entre pessoas e grupos, as divergências entre os diferentes projetos de modernidade literária para o Brasil. A correspondência é uma demonstração clara de que os extremos se tocam e podem se respeitar, de que é possível fazer a harmonia dos contrários através da tolerância mútua.