Lúcio Aneu Sêneca - também conhecido como Sêneca, o Filósofo - foi uma das figuras mais importantes do mundo intelectual romano do século I de nossa era, tendo aliado às atividades políticas que desempenhou uma significativa produção filosófica e literária. Como homem público, ocupou cargos de magistratura e foi conselheiro de Nero, de quem havia sido preceptor; representou um papel ativo junto ao poder desde a aclamação do jovem imperador, em 54 d.C., até 62, quando se afastou definitivamente da vida palaciana. Como escritor, compôs textos filosóficos e tragédias. Nos primeiros, principalmente nas Cartas a Lucílio, permeadas do pensamento estóico, procurou mostrar que o importante, para o homem, é saber fazer face às dificuldades e percalços, viver em conformidade com a natureza e cultuar a virtude, o que representa uma adesão voluntária à ordem universal. Considerando os vícios, a maldade, a insensatez e, sobretudo, as paixões como fatores de desequilíbrio da ordem, que provocam o rompimento das leis naturais e acarretam conseqüências desastrosas, Sêneca propõe, para que se atinja a felicidade, o exercício da virtude, o domínio dos sentimentos e o enfrentamento das vicissitudes com tranqüilidade absoluta, ou seja, com a preconizada impassibilidade estóica, a apátheia.