O estudo acadêmico das Relações Internacionais, desde suas origens, encontra-se intimamente ligado à narrativa da política de poder vigente no mundo. Há um paradigma realista que enfoca as relações de conflito entre os Estados como o fio condutor da vida internacional, em uma perspectiva atemporal. Outro, liberal, considera uma suposta dimensão sistêmica de cooperação e conexão entre atores como a linha predominante no cenário internacional. Mas os trabalhos de Marx e Engels, bem como de seus seguidores, ainda que não elaborando uma teoria específica de Relações Internacionais, acrescentaram um terceiro nível de preocupações: sistema econômico mundial, relações de dominação, ruptura e história. Importante observar que o materialismo histórico desenvolveu seus instrumentos analíticos fora da academia, da qual estava excluído. É necessário destacar que a perspectiva marxista das Relações Internacionais não constitui uma religião esquerdista nem um protocolo de ação política [...]