Ambivalência. Esta é uma das chaves principais para interpretar o Brasil do agronegócio e do ruralismo, caracterizado pelo entrelaçamento de valentias (ou forças) aparentemente inconciliáveis, mas reveladas como constitutivas de um mesmo ser. Um Brasil ambivalente mostra, assim, tradição e modernidade, antiga e nova ordem, discursos e ações contraditórios, com foco nas questões agrárias e nas relações de poder. Nesse sentido, duas preocupações norteiam as reflexões deste livro. Por um lado, o desafio de compreender a ambivalência presente na prática e no discurso patronal rural, e, por outro, chamar a atenção para o fato de que grandes proprietários de terra e empresários rurais fazem parte de uma imensa e intrincada rede de relações sociais, configurando, desse modo, tensões, acordos, divergências, identidades, adversários e aliados. Com proposições teórico- metodológicas e, ao mesmo tempo, estudos de caso, Um Brasil ambivalente expõe um modo próprio de "ser" e "fazer" desses grupos e de seus porta-vozes. E é instigante, ao debater ações e representações que não se orientam tão somente pela razão econômica, nem se regem exclusivamente pela razão "afetiva".