Analisar a construção da memória de Santos Dias significa resgatar também parte da memória do movimento sindical e social brasileiro e sua importância no processo de redemocratização do Brasil. A manutenção e agregações de elementos sobre esse personagem também refletem anseios políticos, enfim, propostas de novas lutas dentro dos dinamismos e inquietações presentes na sociedade. Analisar a construção da memória do operário Santo Dias da Silva é também trazer para atualidade questões que nortearam sua luta e também inquietam aqueles que se encontram nas “fileiras” da luta contra a desigualdade, a exclusão e a exploração ainda tão presentes na sociedade brasileira atual. A tese de que os vencedores escrevem sua própria história e também a dos vencidos tem por objetivo construir imagens e representações, tanto para glorificar os feitos de alguns quanto para ocultar aspectos da ação e da vida de outros que foram submetidas ao silêncio eterno da morte. Mas, a história não pode se prestar a essa tarefa de esconder os vencidos e os mortos que resistiram historicamente. A história não pode ser feita com sentido permanente e único; ela é múltipla e descontinua, portanto, é possível retomá-la lá onde esteve suspensa e conforme o sentido construído pelos vencedores.