As esculturas de Ascânio MMM que se tornaram mais conhecidas, aquelas que estão mais presentes em espaços públicos, me parecem manifestações plásticas de partituras de Terry Riley ou de Steve Reich. A razão estrita de Ascânio, sua confiança cega nos preceitos construtivos chegam a causar um certo mal estar no ambiente contemporâneo dominado pelos balaio pós-moderno, o vale tudo e o relativismo generalizado. É como se a obra se constituísse numa espécie de dique de princípios desprezados pelo irracionalismo dominante. Reservatório de clareza, sua historicidade não pertence a seu tempo, com o qual seguramente não está de acordo, mas aos vínculos produtivos que estabelece com o passado, reiterando, no presente uma estética que muitos querem superada. Contida, a obra não permite em nenhum momento uma experiência em que as regras não estejam claramente explicítas e diante do uso abusado das descontruções, das paródias, e desprezo por qualquer norma, esta firmeza lembra uma arqueologia das luzes.