No continente africano, o estudo do Poder Local não pode ser realizado sem se levar em consideração a existência de uma diversidade de actores políticos locais que, para além das próprias instituições de poder político oficial (órgãos municipais ou entidades equiparadas), exercem funções político-administrativas no mesmo espaço territorial. É esse o caso, em Moçambique, dos titulares dos órgãos da administração local do Estado e de uma grande diversidade de autoridades tradicionais ou comunitárias que competem com os órgãos da administração local autárquica pelo exercício de prerrogativas do poder político local.Em tese, este fenómeno de justaposição e concorrência de poderes locais pode dificultar o principal objectivo programático delineado para o processo de descentralização levado a cabo em Moçambique desde o início da década de 1990: a construção de um Poder Local que promova o desenvolvimento local participativo e que simultaneamente respeite o princípio da unidade e soberania do Estado.Na presente obra, procede-se à validação desta tese a partir da análise desse processo, numa perspectiva histórica, descritiva e compreensiva, e com base num estudo de caso realizado no município da Ilha de Moçambique, na Província de Nampula.