O tema do livro atravessa as questões que mais preocupam a opinião pública mundial, em nossos dias: os riscos e custos terríveis da corrida armamentista,a exploração desenfreada dos recursos naturais não renováveis, a deterioração do meio ambiente, a estrutura lógica que comanda a miséria crescente a que estão condenadas as grandes massas da população dos países subdesenvolvidos, a urgência de mudanças de comportamento e de organização social, tanto nos países capitalistas quanto nos socialistas e nas áreas ditas do Terceiro Mundo, para a sobrevivência da sociedade. O modo muito pessoal e inteligente com que René Dumont aborda, reúne e articula essas questões, entretanto, é o que marca o vigor do livro. Sem pretender jamais apresentar um pensamento definitivo e acabado sobre qualquer assunto, ele sempre areja os problemas que examina com idéias e argumentos próprios, às vezes insólitos, mas sempre apoiados em volume denso e rico de informações. A sensibilidade patriótica dos brasileiros, por exemplo, será atingida por sua proposta de anulação do conceito de soberania nacional. Mas quem visse nisso a pregação de um novo tipo de colonialismo, a ser imposto sobre o Brasil e outros países dotados de reservas florestais, logo se corrigiria, por encontrar no autor uma denúncia implacável da espoliação a que estão submetidos os países subdesenvolvidos pelas nações ricas do mundo capitalista. Sua defesa da ecologia é apaixonada, mas não o impede de perceber o quanto é importante a exploração da madeira para a economia e a própria subsistência das populações trabalhadoras em vastas regiões do Planeta. Ao mesmo tempo que põe a nu as falácias do liberalismo, ele não dá descanso aos tiranos e ladrões que, por toda parte, manipulam em proveito próprio a intervenção estatal na economia.