O sentimento com que o leitor sai, depois de atravessar esta nova coletânea de ensaios de Homero Vizeu Araújo, parece não ser outro senão o de impacto, quando não o de atordoamento. Trata-se de um ensaísmo à brasileira fora da curva, ou bem acima da curva dos especialistas monotemáticos e desproblematizados que assolam o modo de pensar a literatura e a cultura brasileiras de hoje. O melhor do desconserto se sustenta num olhar crítico e numa inventividade ensaística que se mantêm numa espécie de equilíbrio instável suscitado não somente pela matéria variada em exame, como também pela sua abrangência no tempo e no espaço. Daí o achado do título - Variados mas combinados -, a paráfrase parodística de Trotsky, que também não deixa de a ser marca de uma posição crítica diante do debate proposto. Nada aqui é de graça. O livro revela, nesse ponto, também o desigual mas combinado das formas culturais e literárias em perspectiva dialética. Sempre com o espírito aberto de quem mais pergunta do que responde. (Fernando Cerisara Gil)