Apesar de pertencer à América Latina e compartilhar sua história e (des)caminhos, tal região e sua produção intelectual continuam desconhecidas no imaginário e no pensamento social brasileiro, apesar dos anseios de grandes intelectuais brasileiros (Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes, por exemplo) que perceberam o destino comum que une nossa história e nosso futuro comum (sempre adiado). Neste sentido, este trabalho procura demonstrar que um pensamento latino-americano tem florescido e é fundamental conhecê-lo. Tal pensamento, embora marginalizado, procura superar a visão eurocêntrica que caracteriza os diversos campos da ciência e está impregnado de originalidade e compromisso, além de assumir, geralmente, uma perspectiva crítica sobre a nossa condição de latino-americanos e a necessidade de construção de um pensamento de e para a América Latina. Sendo assim, este trabalho apresenta uma abordagem multidisciplinar (envolvendo Filosofia, Pedagogia, Antropologia, História, Economia, Sociologia, Ciência Política, Relações Internacionais, dentre outras) e combina a análise da contribuição de autores já clássicos (Mariátegui, Raul Prebisch e Che Guevara, dentre outros) com pensadores latino-americanos contemporâneos (A. Quijano, E. Falleto, José Nun, Maria Lugones, Álvaro Linera, dentre outros), além de uma apresentação da produção do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO), demonstrando que tal pensamento é fundamental para a construção da utopia latino-americana.