Diante do crescimento das migrações internacionais e do desenvolvimento de uma legislaçao internacional de direitos humanos, muitos consideram que o Estado-Nação está perdendo importância, e que suas fronteiras, tanto as físicas como as de cidadania, tendem a tornar-se irrelevantes. Esse livro contrapõe-se a essa tese, por meio da discussão da relação entre direitos humanos, cidadania e nacionalidade em dois dos principais países receptores de imigrantes da atualidade, - a França e os Estados Unidos. São analisadas em especial as políticas referentes aos chamados imigrantes indesejados: refugiados, familiares e ilegais. A partir daí propõe-se uma reflexão mais ampla em torno de alguns conceitos fundamentais da política, como a cidadania da relação centro-periferia no mundo contemporâneo. A questão das imigrações internacionais apresenta-se hoje como uma importante dimensão do estudo das relações internacionais contemporâneas. De um lado, pelas implicações que o questionamento sobre a idéia de Estado e o conceito de soberania trazem para todo o edifício teórico em torno do qual se constitui a disciplina, e de outro, porque o seu papel central na construção da ordem internacional evidencia que as migrações, ao lado de outros processos societais transnacionais, são parte construtiva da nova ordem internacional, e que esta não pode mais ser compreendida sem referência a eles.