Este livro traz ensaios de renomados pesquisadores que articulam a poesia contemporânea brasileira e portuguesa com a tradição, interrogando, a partir do fazer poético, tanto o contemporâneo quanto a noção de tradição. É ainda preciso ressaltar a importância de reunir estudos de poesia brasileira e portuguesa que caminham para além dos restritos mecanismos de fonte e influência, pois apostam em outras trilhas na relação Brasil e Portugal. Alguns críticos ainda melancólicos com o que chamam de "o fim das vanguardas" insistem em desqualificar o contemporâneo por sua relação frouxa e/ ou acrítica com a tradição, o que impossibilitaria novos sentidos para novos projetos de futuro. Daí a importância desta coletânea de ensaios que nos mostram as diversas maneiras de articulação de poetas com a tradição. Demostram, assim, que o contemporâneo tem ainda energia suficiente para, do desespero provocado pela ideia de um fim do mundo, retrabalhar tanto seus restos quanto seu excesso poluído de imagens, arquivos, discursos. E isto não é uma tarefa simples, mas talvez seja o que simplesmente podemos fazer, em comunidade, como poetas e leitores de poesia.