Os intelectuais têm sido objeto de estudo em distintas áreas do conhecimento, integrando um debate cuja complexidade e importância são inquestionáveis. Sem reclamar elementos novos em uma arena tão transitada, propomos neste estudo um olhar específico sobre os intelectuais do Partido dos Trabalhadores - Cristovam Buarque, Tarso Genro e Fernando Haddad objetivando compreender suas tensões, dilemas e/ou contradições, particularmente, quando à frente da agência orientadora da política educacional brasileira - MEC. Partimos de algumas hipóteses: o aparelho do Estado envolve intelectuais que sofrem com as contradições entre sua liberdade de pensamento e as demandas das políticas públicas orientadas pelo partido ao qual simpatizam ou militam; a gestão política tende a transformar o papel dos intelectuais em funções tecnoburocratas. Compreender as tensões vivenciadas pelos intelectuais do PT, os dilemas e conflitos na relação entre a sua visão principista e a realidade da política pública orientada e conduzida por este mesmo partido, que possui suas próprias contradições, não nos permite explicações rápidas ou a universalização respostas. Assim, a partir de cuidadoso levantamento documental e bibliográfico, iniciamos nossa busca pelo PT, pano de fundo onde transitam os intelectuais em referência. Seguimos para a compreensão das perspectivas teóricas e trajetórias na gestão estatal de tais intelectuais, quando encontramos em Cristovam Buarque um intelectual autônomo, humanista que, a exemplo de Sartre "é companheiro de rota" do Partido; em Tarso Genro, pode-se inferir sobre a fusão entre o papel do intelectual e do Partido; Fernando Haddad, por sua vez, se destaca pela articulação de conhecimentos especializados para a formulação e implantação de políticas públicas. Circular no universo dos intelectuais supõe, portanto, estar aberto à multiplicidade de dilemas, distinção de tensões e particularização da continuidade e descontinuidade dos discursos.