Este livro é o resultado de um trabalho de equipe realizado no Collège de France sob a direção de Michel Foucault, parte de um vasto e importante projeto de análise das relações entre a psiquiatria e a justiça penal. Trata-se fundamentalmente da publicação do dossiê do 'caso Rivière', jovem francês que em 1835 matou a mãe e dois irmãos. O caso compreende as peças judiciárias do processo, as perícias médico-legais realizadas por psiquiatras da época e uma memória escrita pelo próprio autor do crime com o objetivo de explicar o seu ato. Estudos realizados por vários membros da equipe sobre aspectos jurídicos e psiquiátricos do problema acompanham a edição desses documentos. Hoje aparece como uma evidência o poder que tem a psiquiatria de, diagnosticando a doença mental do criminoso, inocentar o seu comportamento, confiando sua sorte a uma instituição terapêutica. Isso porém nem sempre aconteceu. E o duplo gesto de Rivière é um testemunho do nascimento da medicina psiquiátrica e da utilização de seus conceitos na justiça.