Calçada de Verão veio no embalo do sucesso de Florescência, em que o poeta e acadêmico Olavo Drummond destacava, na apresentação, entre outras qualidades, o senso de economia verbal e a precisão dos poemas. A poesia de Flora Figueiredo procura tirar o máximo proveito da palavra. A emoção chega com sonoridade, ritmo, ludicidade. No final do poema sempre repousa uma mensagem de impacto, desconcertante. Tome-se por exemplo " Vingança", em que há rimas, aliterações, assonâncias : "Forte é ir frente ao fato / dialogado / discernido./ É ser mais homem que bandido, / ter mais sangue do que saga / ( essa draga preta e corrosiva). / Beber mais seiva do que sanha, / desmanchar a teia, pisotear a aranha / e conservar alerta a sempre-viva. A autora alterna poemas marcados pela ternura com outros matreiros e sofridos. Flora Figueiredo faz da obra um organismo pulsante, atento às instabilidades do cotidiano. O livro é um convite irrecusável ao passeio pelo Verão dessa Calçada, instigante, sedutora, apaixonada.