Analisar o serviço social supõe entender a natureza contraditória de sua prática, aprofundando sua relação com os dois pólos dessa contradição: de um lado, identificar as demandas do Estado em relação ao serviço social, explicitando suas articulações com o poder institucional, os mecanismos utilizados para interferir nos processos decisórios que envolvem níveis e espaços de negociação ditados pela dinâmica da conjuntura política e da correlação de forças presente entre as classes sociais. De outro, captar as relações tensas do assistente social com segmento populacional alvo de sua prática, identificando suas demandas frente àprofissão, sua percepção do serviço social e dos serviços que lhe são oferecidos.Essas questões ganham novo significado quando situadas a partir da segunda metade da década de 70, numa conjuntura marcada pelo processo de reorganização do movimento popular, que repercurte não só nas relações de trabalho, mas também nas formas de representação das classes populares junto ao poder público.Essa população marca sua presença na cena política enquanto força que se organiza coletividade e que age no sentido de pressionar e exigir da classe capitalista e do Estado o atendimento às suas reivindicações relacionadas tanto com a esfera da população quanto com a esfera do consumo.Neste livro Raquel Raichelis procura verificar se essa presença política das classes populares leva efetivamente a uma aproximação do assistente social com o cotidiano de vida desses grupos e se o conhecimento que daí deriva é incorporado objetivamente nas propostas profissionais do serviço social.