O texto que você está lendo agora não foi redigido nas faces de papel. Foi escrito, lido, relido e possivelmente revisado em um arquivo digital. Quando foi impresso pela primeira vez, para alguma demanda editorial, já tinha uma condição quase definitiva, preparando se até para o livro quase pronto. Da mesma forma, o conteúdo da obra de Katherine Hayles que você lerá não foi composto em folhas em branco. Antes de se constituir na tecnologia do códex, tão bem-sucedida, diga se de importante, foi trabalhado digitalmente, e mesmo as folhas que eventualmente receberam as primeiras impressões eram elementos periféricos a receber forma legível a partir de um código digital. Assim estão as coisas nos novos tempos, e se a autora de Literatura Eletrônica: Novos Horizontes para o Literário pode referir, com propriedade, no último capítulo deste livro, que toda a literatura impressa, hoje, está constituída em arquivos digitais ao longo de quase toda sua existência, a mesma coisa se dá em qualquer texto que tramite na ordem de algum objetivo de leitura ou de publicação. Na realidade, a publicação impressa é desnecessária em alguns casos e a digitalização permite uma série de facilidades inexistentes no mundo do impresso. Em uma das reuniões da comissão organizadora da Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo de 2009, de tema "Arte e tecnologia: novas interfaces", uma das tradutoras responsáveis por este livro, lançado justamente nessa grande movimentação cultural em torno da leitura, mostrou-nos onde guardara a obra pronta para seguir para a editora: um pen drive minúsculo, que armazenava o resultado ou uma cópia dele de meses de trabalho.