Uma característica da arte contemporânea é a criação de obras por processos de fusões, sobreposições, cortes e colagens. Na música popular especialmente a partir do lançamento do LP Sgt. Pepper’s, dos Beatles (1967) , este novo procedimento tem levado a resultados notáveis. Se por um lado cada fonograma é capaz de congregar gêneros múltiplos, por outro lado esses mesmos fonogramas estão destinados a integrar, como faixas, um complexo ainda maior: o álbum, igualmente originado de um processo de montagem. Envolvendo interações rítmicas que frequentemente extrapolam as referências de tempo tradicionais, a música popular, no pós-1967, deixa de ser uma sequência de notas para se tornar uma sequência de sons, que se agrupam em acontecimentos. Este livro possibilita ao especialista fundamentá-los teoricamente, e ao leigo, experimentá-los com maior intensidade por meio de discussões conceituais e da análise de espectrogramas de faixas de artistas como Milton Nascimento, Gilberto Gil, Stevie Wonder, The Beatles e Björk.