Vivemos um tempo de desobediência. Não necessariamente por uma rebelião, mas por afrouxamento dos valores ou por falta de zelo com a Palavra de Deus. A rebelião moderna se dá 'naturalmente', no campo ideológico, travestida de senso crítico. Em 'Icabode', Rubem Amorese mostra as três forças da modernidade e seu efeito devastador sobre a igreja - a pluralização (o império das diferenças), a privatização (o império das indiferenças) e a secularização (o império dos sentidos). A igreja vê-se diante de uma nova realidade ameaçadora, mas que tem uma característica peculiar e incomum; não se trata de um inimigo, pelo menos no sentido em que os outros mostraram-se na história. Trata-se mais de um aliado que oferece vários recursos considerados imprescindíveis para o avanço do evangelho. É exatamente aí que mora o perigo. Ao criar uma nova atmosfera de possibilidades e realizações, tira da igreja a capacidade de discernir os acontecimentos à sua volta. E devagar, sem que ela perceba, vai minando suas bases, até comprometer sua identidade.