Em levar consigo um oceano / llevar consigo un océano, Esther Blanco condensa a forma de nomear o mundo da poeta nômade, a partir de uma poética de linguagem clara e uma fluidez em consonância com as imagens aquáticas. Há, sem dúvida, nestas páginas, uma busca do minimalismo, no qual o eu lírico vai soltando lastro e, no plano gramatical, prescinde dos sinais de pontuação e das maiúsculas. A autora desenvolve um jogo de espelhos idiomático, pois constrói os poemas a partir do bilinguismo (espanhol-português), para constatar que não há um sentido unívoco para nomear as coisas. Duas línguas românicas que atravessam distintos tempos e geografias, até o estranhamento do trânsito. Esther Blanco entrelaça cartografias que miram o mundo como um mapa em relevo desde o movimento ou as alturas (avião, costa, janela). Parte de uma contemplação profunda da natureza para transmitir sua beleza efêmera e os ciclos da vida, simbolizados na libélula vermelha boiando sobre o rio da existência. (...)