Duas perguntas direcionam o exame do prazer nos diálogos de Platão:O que é o prazer? Qual é o seu lugar na vida humana? As tentativas de responder à primeira levaram a uma física, a uma fisiologia, a uma psicologia e a uma ontologia platônica do prazer, à qual corresponde também uma epistemologia do prazer. Em cada um desses níveis, o ser do prazer adquire forma através de suas relações: com a dor, com o desejo, com a opinião etc. Os esforços para responder à segunda pergunta geraram uma ética, uma política e uma pedagogia platônica do prazer. Um hedonismo real ou meramente aparente alterna-se, nos diálogos, com um anti-hedonismo real ou meramente aparente de natureza diferente. Há, em Platão, um modo de superar essa tensão incômoda de desconcertante? Este ensaio constitui uma primeira aproximação à análise platônica do prazer, considerando-o em seu horizonte mais amplo.