Mas tem uma coisa no livro da Luci Collin de que gosto muito. É a não nomeação explícita do seu narrador de integração, digamos. Aquele, ou melhor, aquela, que escreve. Luci Collin mantém a integração do narrador como uma possibilidade extratexto, metatextual. Ana, depois do trauma vivido, cria as personas de Melanta e Lena, faz um jogo. Cria até mesmo uma persona para ela própria, a quem chama de Ana, como poderia chamar de qualquer coisa. Na verdade, o narrador integrado de Luci Collin, que é quem arma o jogo, não é nomeado. Sei que o mundo vai cair sobre mim, mas acho a solução da Luci Collin mais sofisticada. Claro que eu podia considerar a não nomeação do narrador como um gesto de disfarce necessário para uma atuação na linha autobiográfica. Mas talvez porque eu também volta e meia não nomeie meus narradores, acho que há uma possibilidade mais bacana. A de uma resistência à ideia de identidade como algo fixo e estável.