Não deixa de ser surpreendente retomar as diferentes comemorações do Concílio, que foram sendo feitas vinte, trinta, quarenta anos depois. Agora, chegamos aos cinquenta anos de seu encerramento. O processo ainda está em curso e sua magnitude transborda qualquer tentativa de delimitação precisa ou de diagnóstico definitivo. De fato, somente a partir de uma consideração de sua gênese histórica, se torna possível compreender a profundidade da mutação que supôs este Concílio, carregado de tantas promessas e exposto a tantas decepções. E somente procurando ir ao núcleo determinante dessa mutação é possível tentar uma orientação fundamental da tarefa diante da qual ele continua situando a Igreja Católica. Esta contribuição, breve e sintética, apresenta-nos o Concílio Vaticano II a partir de três aspectos de especial relevância: a) o núcleo que determina o sentido mais profundo do acontecimento; b) a opção hermenêutica de sua leitura; e c) os problemas fundamentais que o Concílio abriu para a Teologia, indicando os caminhos possíveis e mais frutíferos. Se este ensaio ajudar a introduzir alguma clareza e, talvez, uma serena esperança nesses tempos difíceis, o autor já se dará por satisfeito. Sua única intenção é contribuir com a tarefa comum de continuar trabalhando por uma Igreja e um Cristianismo que se aproximem um pouco mais de sua missão de anunciar o Deus humaníssimo, cujo único empenho em sua criação e em nossa história é, desde sempre e para sempre, o bem da humanidade.