Os ensaios articulados neste livro mobilizam a noção de mimesis, um antigo operador conceitual da arte até o modernismo, e o conceito contemporâneo de performativo para lidar com uma cena expandida, que inclui artistas de campos distintos como o teatro, a performance, as artes plásticas e visuais. A estética modernista instaurou uma crise no projeto da representação dramática e abriu caminho para um teatro antidramático. A ideia de uma mimesis performativa permite ao autor analisar obras que exploram novos modos inventivos do espetacular, para além dos parâmetros da ficção dramática. Seis artistas da segunda metade do século XX, Bill Viola, Juan Muñoz, Samuel Beckett, Jack Smith, Mathew Barney e Romeu Castelucci têm suas obras descritas e comentadas dessa perspectiva. O mesmo viés de análise, que pensa a antiteatralidade como recusa ao dramático, é aplicado numa revisão histórica do teatro brasileiro desde o século XIX. Resgata-se as dramaturgias de Qorpo Santo e Oswald de Andrade, os projetos cênicos de Luiz Roberto Galizia e Gerald Thomas, e as obras de artistas mais recentes como Nuno Ramos e Roberto Alvim. Em comum a todas essas “cenas” aqui reunidas, há uma tensão entre seus campos de origem e as novas configurações que estabelecem para fora deles. Em todas elas, percebe-se haver uma margem de invenção possível operante, que amplia sobretudo os modos de ser das artes performativas e cênicas.