Um breve retrospecto histórico sobre a relação da universidade pública e o projeto societário no Brasil nos revela a reiteração do DNA antinação, antipúblico, antipovo da classe burguesa local. Uma classe que, em diferentes momentos, interrompe mediante ditaduras e golpes os avanços das lutas populares na conquista de seus direitos elementares. O livro de Elisabeth Orletti mostra-nos o processo violento de mercantilização da universidade pública, especialmente na década de 1990 sob o Governo Fernando Henrique Cardoso. Década que se caracterizou, também, pela venda do país mediante a privatização do patrimônio público. Muito embora os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff tenham optado por alianças e não confronto de classe, as pequenas conquistas passaram a ser insuportáveis ao projeto da burguesia local associada aos grandes interesses do capital mundial. O golpe político, jurídico e midiático que está sendo consumado traz de volta o núcleo duro, a pátria e entreguista da década de 1990, aliados agora com grupos de extrema direita e do fanatismo religioso e com incondicional apoio da grande mídia empresarial, máquina ideológica moedora de cérebros. O que expõe este livro de Orletti é o anúncio do desmanche da universidade pública e da nação ainda maiores, com ingredientes claros de intolerância ao pensamento divergente e plural, pedras angulares do estado de direito. Os sinais claros já estão em curso no governo golpista: um governo do mercado e do capital, sob um estado de exceção. Por isso, o livro é, sobretudo, um alerta e apelo a amplas forças democráticas para que busquem organização, unidade e uma implacável e permanente resistência.